#PRATODOSVEREM: Foto de duas pessoas, aparentemente deitados em uma cama. Com maior destaque, mãos de um adulto no celular. No fundo, uma criança segurando um tablet. FIM DA DESCRIÇÃO
As férias escolares chegaram e com elas a preocupação de muitos pais sobre como crianças e adolescentes vão aproveitar o tempo livre, já que as telas parecem protagonizar a programação dos jovens – videogame, streaming e celular. A psicóloga Daniela Araújo, coordenadora do Núcleo Infantojuvenil da Holiste Psiquiatria, explica que o mundo virtual faz parte, mas, nesta fase da vida, é importante que os jovens aprendam a lidar com o tempo ocioso de maneira criativa, conhecendo o mundo através de uma outra perspectiva, fora dos livros didáticos e, sobretudo, dos apps.
“As férias são importantes para crianças e adolescentes, eles também se cansam de tantas atividades e exigências. Ao mesmo tempo, vivemos em uma época em que os jovens parecem tolerar cada vez menos o tempo livre, que eles chamam de tédio. Isso tem aparecido bastante no discurso da nova geração. Assim, recorrem ao que está mais próximo, no bolso, o celular. Essas ferramentas são instantâneas, sem raciocínio e sem crítica, basta pegar e ficar hipnotizado pela tela, e é por isso que se passa 3 horas em frente ao celular sem perceber”, comenta a especialista.
Contudo, a psicóloga afirma que essa responsabilidade de manejar o tempo livre pode exigir a intervenção de um adulto para ajudar os jovens a perceberem que existem outras formas de lidar com o “tédio” igualmente interessantes. Outra tarefa para os pais é a de controlar as horas diante das telas. Daniela Araújo aponta que o celular, por exemplo, não é um objeto que se deve deixar à cargo das crianças, sobretudo as mais novas, decidirem a hora de parar, principalmente porque o excesso de tempo de uso pode deixá-las mais ansiosas.
“Usar um smartphone não é, necessariamente, uma causa da ansiedade, mas pode ser que o problema venha como uma consequência do excesso de uso, até pelo estímulo visual estimulante, que é diferente do relaxamento que um livro proporciona. A armadilha é que tem quem acredite, as vezes até de maneira inconsciente, que as telas acalmam e, com isso, estabelece um ciclo vicioso: estou com tédio, vou pegar o celular”, detalha a coordenadora do Núcleo Infantojuvenil da Holiste Psiquiatria.
Para aproveitar as férias escolares, a psicóloga indica que os jogos online devem conviver com momentos de invenção e criatividade, até porque estes são recursos importantes para a saúde mental, além de necessários para a vida adulta. Além disso, é importante aceitar e vivenciar o tempo ocioso: “Aproveitar este tempo para pensar sobre si, admirar a natureza e refletir sobre a vida, as crianças e adolescentes também fazem isso. O espaço vazio permite que algo novo aconteça e eles estão na fase de conhecer a si e ao mundo”, finaliza.