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  • dom. nov 24th, 2024
EDITORIAL - CRIME CONTRA A HUMANIDADE. EM SÃO PAULO
  • Por Abrão Dib

Enquanto o mundo tem todas as atenções voltadas para a Guerra entre Ucrânia e Rússia, pessoas com deficiência demonstram impotência, desânimo e falta de energia para lutar aqui mesmo, em nosso estado.

Países e povos se unem para fortalecer uma comunidade que é vítima de ataques, enquanto outros se juntam para atacar, atacar e atacar. Esse é o cenário de uma Guerra, que preferem assistir por todo canto, mas acabam não tendo olhos para outro massacre, que acontece bem abaixo do nosso nariz. E aqui ficamos calados, como se nada estivesse acontecendo.

É claro e óbvio que os povos vítimas de massacres devem ser apoiados – entendo que todos devem ser apoiados. Mas de nada adianta autoridades brasileiras irem de encontro às necessidades da Ucrânia, enquanto famílias de pessoas com deficiência não tem, sequer, alimentação enteral e parenteral.  Devemos dar  atenção para as famílias que estão sem teto na Ucrânia, mas primeiramente, vamos se preocupar com pessoas com deficiência que lutam por fraldas, sondas, medicamentos, próteses, cadeiras de rodas e de banho.

Será que o que essas pessoas enfrentam em SP é justo?

Será que as autoridades brasileiras, em especial as paulistas, não devem parar por um minuto de buscar holofotes para o massacre da Ucrânia e acompanhar com atenção as denúncias feitas pelo Diário PcD na última sexta-feira, 4, em que mães afirmam que ‘estão cansadas de lutar’ pelos direitos de seus filhos?

Será que Damares Alves, Mara Gabrilli, Célia Leão, João Dória, Rodrigo Garcia, integrantes do Ministério Público, da Defensoria Pública, da OAB/SP, do Tribunal de Justiça e da Polícia Federal não deveriam se preocupar com as denúncias de CRIME CONTRA A HUMANIDADE que acontece em terras paulistas – conforme o que mostramos AO VIVO?

Será que é mais fácil resolver os problemas de outros povos, enquanto os nossos ficam escondidos debaixo do tapete?

Os relatos de Simone Bruneri, Maria de Fátima Silva Lima, Lídia Costa, Patrícia Ferreira Miranda e Luciana Ramos são reais e tão fortes quanto às mostradas em outros órgãos de imprensa – com as cenas da guerra na Ucrânia!

Mas como os fatos acontecem aqui, fica tudo no silêncio e como se nada estivesse acontecendo.

A GUERRA também existe aqui. De um lado o Poder Público que ‘massacra’ e ‘humilha’ as pessoas que vão em busca de saúde pública e qualidade de vida.

Mas o Diário PcD não vai se calar. Primeiro queremos lutar por aquilo que é possível aqui, ao nosso lado, com pessoas que sofrem o abandono legítimo das autoridades de todas as instâncias.

Vamos à busca da atenção de quem prefere não ‘ver’ e ‘ouvir’ os relatos desesperadores dessas mães que moram aqui, no nosso estado.

  • Simone Bruneri, paraplégica desde os 6 anos de idade.
  • Maria de Fátima Silva Lima, pessoa com deficiência física (esclerose múltipla) e mãe da Viviane Aparecida de Lima, 28 anos; 
  • Lídia Costa – com miastenia por mutação genética e vice-presidente da Abrami – Associação Brasileirade Miastenia
  • Patrícia Ferreira Miranda, mãe do Willian Ferreira de Oliveira, 28 anos, possui mucopolissacaridose tipo 3 A – conhecida como sanfellipo; 
  • Luciana Ramos, mãe do Bruno Ramos Taconelli, 27 anos, tetraplégico e com leucodistrofia sudanofila de pelizaeus merzbacher; 

Não se assustem que nem determinação judicial as autoridades paulistas cumprem. Algumas dessas mães possuem decisões que obrigam o estado a atender as necessidades de seus filhos. Mas parece que decisão judicial existe para ser descumprida.

Hoje, tudo isso vai chegar a Comissão das Pessoas com Deficiência da Câmara dos Deputados e Comissão dos Direitos Humanos da ALESP – Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Demais autoridades citadas neste EDITORIAL também serão questionadas.

O silêncio até pode continuar acontecendo, mas SEMANALMENTE, o Diário PcD estará cobrando as atitudes das autoridades brasileiras e paulistas em relação ao CRIME CONTRA A HUMANIDADE que relatamos.

As mães e entrevistadas no DESABAFA PcD precisam ganhar um pouco de esperança. Afirmar que estão cansadas de lutar é muito difícil e para elas admitirem isso tudo, com certeza passaram por muitos momentos de ‘humilhação’, ‘desrespeito’ e ‘tortura psicológica’.

Ninguém sabe o dia de amanhã. Hoje muitos possuem condições financeiras de adquirir medicamentos e equipamentos para a sobrevivência, mas se amanhã precisar recorrer ao Poder Público poderá – talvez, passar por tudo isso também.

Isso significa que a sua luta de hoje, ao lado dessas mães, pode ser no futuro respeito por você mesmo.

Não imagine que você não pode fazer nada. Ao contrário, cada um que acompanha esse EDITORIAL tem força suficiente para dar esperanças e energia para essas mães.

  • Abrão Dib é jornalista e atua há mais de 25 anos no jornalismo segmentado para o universo da pessoa com deficiência.  É editor/voluntário do Diário PcD

ACOMPANHE NA ÍNTEGRA A TRANSMISSÃO FEITA PELO DIÁRIO PcD na última sexta-feira, 4, pelo Canal no YouTube.

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